segunda-feira, 22 de setembro de 2008

De malas quase prontas

“Em casa, cercado de todas as informações, de todas as telas, já não estou em parte nenhuma, estou em todos os lugares do mundo ao mesmo tempo, estou na banalidade universal. Essa é a mesma em todos os países. Aterrar numa nova cidade, numa nova língua estrangeira, é encontrar-me de repente aqui e em nenhum lugar. O corpo reencontra seu olhar. Liberto das imagens, ele reencontra a imaginação.” Baudrillard

Espero ainda reencontrar minha imaginação muitas e muitas vezes ao longo da vida, nos mais diversos destinos e situações.
Hoje eu a reencontrei de uma forma especial, olhando pela janela do meu quarto. Do lado de fora o céu azul entrecortado por nuvens esparsas e as quaresmeiras com suas tímidas flores ainda em início de primavera. Passei alguns minutos apenas observando. É estranho imaginar que em pouco mais de 24 horas já não mais será essa paisagem que verei todas as manhãs.

Muita coisa aconteceu nos últimos dois anos: terminei as faculdades, visitei a Bolívia, escrevi um livro, conheci a AIESEC, fundei um escritório, viajei... Arrumei as malas tantas vezes que daria para perder a conta. Mas em cada destino vivi experiências tão únicas e encontrei pessoas tão especiais que é impossível esquecer até mesmo dos pequenos detalhes.

Alguns dizem que sou muito corajosa em sair sozinha por esse mundo a fora, uma maneira educada pra não me chamarem de louca mesmo. Nessas andanças descobri que existem mais loucos dessa espécie do que a maioria das pessoas pode imaginar. Talvez meu tico e teco não funcionem bem, ou pelo menos de uma forma convencional. Se me falta juízo sobra vontade e disposição pra batalhar pelos sonhos. Sonhos pequenos, grandes, fáceis, outros nem tanto, coloridos, escancarados, secretos. Sonhos... pra mim são nada mais que o primeiro passo para muitas realizações.