Domingo, 27 de setembro - Após uma noite contorcida dividindo a cabine do trem com mais cinco pessoas abro os olhos e avisto pela janela nada mais, nada menos do que a beleza do Mediterrâneo. Para quem não via o mar há 4 anos aquele foi um momento bem peculiar, mas era apenas o começo de uma série de fatos que fariam daquele dia um dos mais longos que já vivi.
Estávamos a caminho da Catania, uma cidade localizada ao sul da Itália, famosa por abrigar o vulcão Etna. Saindo de Milão foram necessárias 16 horas de trem, mais meia hora de barco e ainda uns 40 minutos de carro pra chegar ao centro da referida cidade. Acrescentemos ao trajeto o peso da bagagem e o resultado final são viajantes exaustos e famintos.
Enquanto o pessoal da direção nacional da AIESEC organizava os últimos detalhes da conferência eu supostamente estaria livre para descansar, mas as coisas não aconteceram exatamente nessa ordem.
O Roberto, também aieseco, se ofereceu pra me levar na casa em que ficaria hospedada. Como todo bom anfitrião se dispôs a me mostrar antes o centro histórico da cidade. Pensei comigo, porque não? São 5 da tarde, estou cansada mais ainda é cedo pra dormir.
O pequeno passeio se estendeu noite adentro, com direito a chuva e engarrafamento na estrada. Fomos parar em Bronte, uma cidade ao pé do Etna distante 1h30 da Catania. Motivo, visitar o Festival do Pistache. Detalhe, ninguém tinha comentado sobre esse “programinha básico”, a essa altura eu estava extremamente cansada, com fome, frio e vontade de esganar alguém.
Pizza, doces, sorvete, macarrão, crepe, salsinha, café... Tudo feito com pistache. Apesar de exóticos os pratos eram bem saborosos. Depois de experimentar algumas iguarias recobrei o bom humor, afinal não é todo dia que se visita uma feira cuja atração principal é essa coisinha verde chamada pistache.
Meia-noite e meia estávamos novamente no centro da Catania. Quando tudo indicava que finalmente eu estava indo pra casa me apresentaram Johari, um aieseco ainda mais elétrico que o primeiro. Já deu pra sacar que o dia não acabaria ali né?! Mas como se diz na minha terra: pra modo de encurtar essa prosa, vale ressaltar que a derradeira parada foi em um clube de salsa no qual ficamos a bailar até sei lá que horas, a essa altura já havia desistido de acompanhar o relógio.