“Em casa, cercado de todas as informações, de todas as telas, já não estou em parte nenhuma, estou em todos os lugares do mundo ao mesmo tempo, estou na banalidade universal. Essa é a mesma em todos os países. Aterrar numa nova cidade, numa nova língua estrangeira, é encontrar-me de repente aqui e em nenhum lugar. O corpo reencontra seu olhar. Liberto das imagens, ele reencontra a imaginação.” Baudrillard
Espero ainda reencontrar minha imaginação muitas e muitas vezes ao longo da vida, nos mais diversos destinos e situações.
Hoje eu a reencontrei de uma forma especial, olhando pela janela do meu quarto. Do lado de fora o céu azul entrecortado por nuvens esparsas e as quaresmeiras com suas tímidas flores ainda em início de primavera. Passei alguns minutos apenas observando. É estranho imaginar que em pouco mais de 24 horas já não mais será essa paisagem que verei todas as manhãs.
Muita coisa aconteceu nos últimos dois anos: terminei as faculdades, visitei a Bolívia, escrevi um livro, conheci a AIESEC, fundei um escritório, viajei... Arrumei as malas tantas vezes que daria para perder a conta. Mas em cada destino vivi experiências tão únicas e encontrei pessoas tão especiais que é impossível esquecer até mesmo dos pequenos detalhes.
Alguns dizem que sou muito corajosa em sair sozinha por esse mundo a fora, uma maneira educada pra não me chamarem de louca mesmo. Nessas andanças descobri que existem mais loucos dessa espécie do que a maioria das pessoas pode imaginar. Talvez meu tico e teco não funcionem bem, ou pelo menos de uma forma convencional. Se me falta juízo sobra vontade e disposição pra batalhar pelos sonhos. Sonhos pequenos, grandes, fáceis, outros nem tanto, coloridos, escancarados, secretos. Sonhos... pra mim são nada mais que o primeiro passo para muitas realizações.