Guarda-chuvas coloridos abriam apresados em todas as direções, a chuva fina que caia naquela tarde cinzenta ganhou força, mas veio sólitária, desacompanhada do vento e trovoadas típicos das tempestades de verão. Ela caminhava pelas ruas desatenta ao que se passava ao redor, o trajeto era curto, diminuia o passo enquanto a água escorria suave pelo corpo. Levava consigo a saudade recente daquele amor não vivido.
Como quem assiste ao trailer de um filme inédito, viu as imagens passarem em fragmentos pela mente. Lamentou as palavras não ditas, os filmes não assistidos, as viagens não realizadas, as carícias não vividas, os pensamentos não compartilhados.
Desejou tempo. Queria manhãs preguiçosas, tardes no parque, dias nublado regados a pipoca e sessão de filme cult. Cafés, balés, salsas, óperas, fotografias, livros, canções ao pé do ouvido. Jantar à dois, à quatro, à muitos. E porque não dias cansativos, dias difíceis para se entender o valor do não estar só. Desejou que ele a desenhasse a meia luz enquanto ela bailava leve num gesto exclusivo de ousadia e liberdade. Tinha o coração aberto, o passado guardara numa caixinha, era hora de viver o presente. Queria saber o que lhe reservava aquele encontro inusitado.
Por uma fração de segundos ouviu a voz agora tão habitual, olhou ao lado, estava só. Lembrou-se da despedida repentina. Sentiu os olhos encharcados. Na garganta um aperto, no peito a ilusão de ter de volta o amor que nem ao menos tivera a chance de chamar de seu. Tinha a alma em luto. Luto por um corpo presente que embora jaz em vida segue como uma enorme ausência consentida.
Sentiu saudades. Certa vez lera num texto “saudade é não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.” Continuou na chuva, parada como quem espera uma resposta vinda do céu. E a saudade? Ainda estava ali. Pior do que o término de um amor calejado é a falta de um amor não vivido.
ps: Trilha sonora do dia What Am I to you – Nora Jones
When I look in your eyes
I can feel the butterflies
I'll love you when you're blue
But tell me darlin' true
What am I to you?
Como quem assiste ao trailer de um filme inédito, viu as imagens passarem em fragmentos pela mente. Lamentou as palavras não ditas, os filmes não assistidos, as viagens não realizadas, as carícias não vividas, os pensamentos não compartilhados.
Desejou tempo. Queria manhãs preguiçosas, tardes no parque, dias nublado regados a pipoca e sessão de filme cult. Cafés, balés, salsas, óperas, fotografias, livros, canções ao pé do ouvido. Jantar à dois, à quatro, à muitos. E porque não dias cansativos, dias difíceis para se entender o valor do não estar só. Desejou que ele a desenhasse a meia luz enquanto ela bailava leve num gesto exclusivo de ousadia e liberdade. Tinha o coração aberto, o passado guardara numa caixinha, era hora de viver o presente. Queria saber o que lhe reservava aquele encontro inusitado.
Por uma fração de segundos ouviu a voz agora tão habitual, olhou ao lado, estava só. Lembrou-se da despedida repentina. Sentiu os olhos encharcados. Na garganta um aperto, no peito a ilusão de ter de volta o amor que nem ao menos tivera a chance de chamar de seu. Tinha a alma em luto. Luto por um corpo presente que embora jaz em vida segue como uma enorme ausência consentida.
Sentiu saudades. Certa vez lera num texto “saudade é não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.” Continuou na chuva, parada como quem espera uma resposta vinda do céu. E a saudade? Ainda estava ali. Pior do que o término de um amor calejado é a falta de um amor não vivido.
ps: Trilha sonora do dia What Am I to you – Nora Jones
When I look in your eyes
I can feel the butterflies
I'll love you when you're blue
But tell me darlin' true
What am I to you?