Conhecido como destino referência
em organização e preservação ambiental, Bonito atrai cada vez mais os amantes
do Ecoturismo
O dia em Bonito começa
cedo para os viajantes que querem conhecer as belezas naturais que
transformaram o lugar e um dos principais destinos de Ecoturismo do Brasil. Pouco
antes das oito horas da manhã nosso grupo já estava a caminho do chamado Parque
das Cachoeiras, um santuário ecológico banhado pelas águas cristalinas do Rio
Mimoso. Da janela do ônibus, em meio ao
sacolejo da estrada de chão um detalhe na paisagem chama a atenção: borboletas!
Podiam ser vistas por todos os lados, grandes, pequenas, azuis, laranjas,
brancas e amarelas. Aquela revoada de boas-vindas era apenas o começo de uma
série de imagens incríveis que encontraríamos pelo caminho.
Distante 1.177 km de
Goiânia, a cidade de Bonito fica no Estado de Mato Grosso do Sul e atrai
visitantes de todas as partes do mundo. Situada no vale da Serra da Bodoquena,
a cidade se destacou como destino referência em organização e ecoturismo no
início da década de 90. Segundo o guia de turismo Cícero Tomás, 28 anos, a realidade
nem sempre foi essa. “A atividade turística no município começou a ser
desenvolvida há cerca de 25 anos e de uma forma predatória. Ninguém pensava em
segurança, qualidade do serviço, preservação.
Na época ainda eram permitidas a caça e a pesca, então a própria população
predava os recursos naturais,” lembra Cícero.
No entanto, logo se percebeu que a visitação desenfreada estava trazendo
impactos ambientais negativos e com o passar do tempo poderiam causar danos irreversíveis.
Foi então que as autoridades locais, proprietários de fazendas e a população se
uniram em prol de um turismo mais sustentável, buscou-se a profissionalização da
atividade turística, investiu-se em infra-estrutura e foram adotadas práticas
menos nocivas à natureza.
Atualmente os atrativos
naturais são monitorados e há um limite de visitação diária permitida. Por isso
mesmo, o guia recomenda o agendamento dos passeios com pelo menos três meses de
antecedência. Além disso, todos os passeios são realizados com guias
devidamente credenciados pelo Ministério do Turismo. “O ecoturismo em Bonito leva
ao pé da letra o seu conceito que além da preservação da natureza busca a
participação da população. Não se visita nem um atrativo sem o intermédio da
uma agência local,” diz Cícero.
Cícero Tomás atua como
guia de turismo em Bonito há 15 anos e nos conta que o “boom” de visitação em
Bonito aconteceu em 1992 quando as belezas da região foram mostradas no
programa Globo Repórter, desde então os turistas não pararam mais de chegar. Hoje,
a cidade recebe 78 mil visitantes ao ano. Cícero lembra que só as grutas atraem
em torno de 25 a 30 mil visitantes por ano, a mais famosa delas é a Gruta do
Lago Azul.
A turismóloga Anna
Carolina de Melo visitou a cidade em abriu de 2011 e ficou surpresa com a
infra-estrutura. “Tudo aqui é muito organizado e a
política de incentivo a preservação ambiental é bem forte, a cidade
é simplesmente maravilhosa. O Parque
das Cachoeiras foi o atrativo que mais me chamou a atenção devido às
cachoeiras belíssimas e seguras para banho”, diz Anna.
O
que fazer em Bonito
Flutuação, mergulho com
cilindro, visitação a cavernas, passeios de bote, cavalgadas, banhos em
cachoeiras e balneários são algumas das muitas atividades que podem ser feitas em
Bonito, ao todo são 30 opções de passeios na região. O guia Cícero recomenda pela menos quatro dias
em Bonito para vivenciar um pouquinho de sua exuberância e conhecer atrativos
diferentes. “Bonito é um lugar pra se
relaxar e ter um maior contato com a natureza. Um lugar para se recarregar as
energias” ressalta Cícero.
Aos amantes dos peixes
e dos esportes aquáticos uma boa dica é uma visita ao Aquário Natural onde é
possível a prática da flutuação. Entre as águas cristalinas do rio Baía Bonita
você divide o espaço com diversas espécies de peixes e plantas aquáticas
durante o percurso de 800 metros que se flutua rio a baixo. Vale lembrar que durante a flutuação colocar
os pés no chão está fora de cogitação, logo no início do trajeto o guia dá o
aviso de que é proibido. A medida tem como principal função preservar a
natureza, manter o equilíbrio daquele habitat e também evitar que a areia
depositada no fundo do rio torne a água turva e prejudique a visualização embaixo
d’água.
Caso nunca tenha
praticado flutuação, não se preocupe, antes de se aventurar entre os peixinhos
você passa por um treinamento na piscina para saber como usar a máscara e o
snorkel. Todo o equipamento é fornecido pelo Aquário e as flutuações são feitas
em grupo sempre na companhia de um guia. Aos que não querem flutuar é possível
fazer o trajeto a bordo do pequeno barco de apoio que segue de perto o grupo
durante a descida do rio. O trajeto de
volta inclui uma caminhada pela Trilha dos Animais, um imenso parque onde vivem e podem ser observados animais
regionais como jacarés, lobos-guará, cervos-do-Pantanal, dentre outros. Muitos
desses animais estão ameaçados de extinção.
Projeto Jibóia
Depois
de um longo dia entre cavernas, cachoeiras e cardumes de peixes que tal tirar
aquela foto segurando uma jibóia? Para muitos só de imaginar essa cena já é
possível sentir calafrios. O Projeto Jibóia, idealizado por Henrique Naufal,
tem como principal objetivo a desmistificação que as serpentes são animais
ruins. Criador de jibóias autorizado pelo IBAMA, Henrique realiza um trabalho
de educação ambiental e entre muitas risadas e histórias contadas durante sua
palestra os ouvintes vão aos poucos se familiarizando com as cobras e no final
da visita muitos querem levar de lembrança pra casa uma foto com a senhora
jibóia enrolada ao pescoço.
Dicas
Viajar com excursões ou em grupos maiores pode
ser uma vantagem e reduzir o custo da viagem, já que em Bonito a maioria dos
passeios são coletivos e guiados. Em Goiânia, a agência Goiás Adentro opera
excursões terrestres para o destino, os interessados podem consultar o site da
empresa. Em Bonito, o Instituto Bicho da Terra é uma boa opção para se obter
guias credenciados e devidamente qualificados.
Uma
visita a Bonito requer planejamento, o clima, por exemplo, é um fator
importante a ser considerado, pois a chuva e o frio podem atrapalhar os
passeios. A cidade recebe turistas durante o ano todo, mas o guia Cícero
acredita que de setembro a novembro seja o período
ideal para se visitar a região já que os meses de seca intensa se foram e as
chuvas de verão ainda não chegaram. Outro fator considerável são os preços que
variam entre a alta e a baixa temporada. São considerados períodos de alta
temporada os feriados e os meses de férias. Todos os passeios em Bonito são
pagos e os valores variam de 10,00 a 65,00 reais.
Daniella Barbosa Especial para o jornal Folha Z