sábado, 13 de novembro de 2010

Entre livros, pensamentos e cafés

Do lado de lá da janela a chuva torrencial cai sem parar, o barulhinho bom da água batendo no telhado do quintal é um convite tentador para mais alguns minutos embaixo do edredom. O dia promete ser dos mais preguiçosos, o céu tingido por um cinza denso é sinal de que a chuvarada não deve cessar.

Nem precisaria assistir a previsão do tempo no telejornal para ter a certeza que o palpite estava correto, aliás, hoje é dia 2 de novembro, não é? “Desde que eu era menina, Dia de Finados sempre chove!”- já dizia a minha avó. Não sei como é nas demais regiões do país, mas aqui no Centro-Oeste estranhamente sempre chove! Não sou nada supersticiosa, mas será que tem alguma coisa a ver com o tal Dia de Finados? Serão as gotas de chuva lágrimas dos anjos em resposta as preces de saudades dos entes queridos que por aqui ficaram... Meus pensamentos são rapidamente dissipados pelo cheiro bom de café que vem da cozinha!

Pulo da cama, mas não me atrevo a tirar o pijama, lavo o rosto e corro pra cozinha. Café da manhã é minha refeição favorita, de fato meu dia só começa depois dele, nem que seja somente uma xícara de café e um pedaço de pão amanhecido. Mas naquele dia estava com sorte, meu pai caprichou no cardápio e passamos um bom tempo comendo e jogando conversa fora.

Normalmente, não curto passar feriados prolongados dentro de casa. Acho uma tremenda perca de tempo ficar entre quatro paredes com tantos lugares no mundo pra se conhecer. Mas nem sempre o orçamento e as circunstâncias são favoráveis aos viajantes apaixonados, nesse caso é preciso exercitar a criatividade. Enquanto a chuva seguia caindo lá fora eu me perdia entre filmes, guias e livros de viagem. Quem disse que não dá pra viajar sem sair de casa? Bem verdade que in loco é mais divertido, mas enquanto não coloco o pé na estrada sigo desvendando lugares pelas páginas dos livros da minha ainda modesta coleção.

Durante a leitura encontrei uma expressão que muito me chamou a atenção: “viajante de alma”. Segundo o autor, por viajante de alma entende-se aquele cidadão que vai além dos fatos e paredes, além das ruínas e dos entalhes, das pessoas e dos percalços. O que o diferencia de um viajante comum é a capacidade de extrair um sorriso e não encarar com azedume situações adversas. Eu completaria a definição usando os versos de Fernando Pessoa “Viajar!Perder países!Ser outro constantemente, por a alma não ter raízes. De viver de ver somente!”

A chuva deu uma trégua e antes que aquele 2 de novembro chegasse ao fim ainda deu tempo de dar um pulo na livraria e tomar aquele cappuccino com os amigos. Quando dei por mim adivinhem qual o tema da conversa? Exatamente, viagens! Trocávamos experiências em terras estrangeiras enquanto o guia O Viajante Europa transitava de mão em mão. E antes que você se pergunte, será?! Sim, de fato aconteceu!

Texto: Daniella Barbosa

2 comentários:

Gigi disse...

Amei o texto, dani! Escrito com a alma hein?!
Beijo

Lian Tai disse...

Adorei! E aqui no Rio também chove em dia de finados!